Zé Henrique e o Desafio dos Cachês Musicais – Uma Conversa sobre a Realidade dos Anos 80 e Histórias Inesquecíveis com Tim Maia

Zé Henrique da Banda Yahoo durante o Podcast MPB Bossa


No universo da música, o brilho dos palcos muitas vezes ofusca as realidades por trás da carreira artística. Em uma conversa sincera no podcast MPB Bossa, Zé Henrique, líder da banda Yahoo, compartilhou reflexões profundas sobre a diferença nos cachês entre os anos 80 e os dias de hoje, além de contar uma história engraçada e emblemática envolvendo dois ícones da música brasileira: Tim Maia e Gal Costa.


Cachês Musicais: Ontem e Hoje


Durante a conversa, Zé Henrique revelou que, apesar do grande sucesso alcançado nos anos 80, os cachês da época eram modestos em comparação aos padrões atuais. Ele exemplificou essa diferença mencionando o maior salário que o Zico, lendário jogador do Flamengo, recebeu em sua carreira: 30 mil cruzeiros, um valor que, segundo ele, era considerado baixo, especialmente se comparado aos salários milionários dos atletas de hoje. O mesmo se aplicava aos músicos daquela época.


Ele comparou o sucesso de artistas contemporâneos como Luan Santana e Gusttavo Lima, cujos cachês podem chegar a meio milhão de reais por show, com o que ele e sua banda ganhavam nos anos 80. Apesar de terem alcançado uma notoriedade semelhante, a diferença financeira é significativa. "Nós não ficamos ricos, mas vivemos bem, criamos nossos filhos e continuamos fazendo o que amamos", disse Zé Henrique, destacando a gratidão que sente por tudo o que conquistou, mesmo que não tenha se tornado milionário.


A Importância da Integridade e da Paixão pela Música


Para Zé Henrique, o maior patrimônio de sua vida não é medido em dinheiro, mas sim em integridade, saúde e a oportunidade de continuar fazendo música. Ele refletiu sobre como, às vezes, a busca pelo enriquecimento pode trazer problemas que não existiam antes, lembrando que, embora o dinheiro seja importante, ele também pode complicar a vida. "Apesar do dinheiro ajudar a resolver muitos problemas, ele também cria outros que você não tinha antes", ponderou.


Essa visão de mundo é um reflexo de sua carreira na música, onde a paixão pelo que faz sempre prevaleceu sobre a busca pelo lucro. Para ele, a verdadeira riqueza está em poder continuar a tocar e cantar, e em viver uma vida plena, fazendo aquilo que ama.


Tim Maia e Gal Costa durante apresentação no programa do Chacrinha na Globo


Tim Maia e Gal Costa: Uma História Divertida


Além das reflexões sobre a carreira, Zé Henrique também compartilhou uma história divertida e curiosa envolvendo Tim Maia e Gal Costa, que exemplifica bem a personalidade irreverente e imprevisível de Tim. A história se passou quando os dois foram gravar a música "Um Dia de Domingo". Tim, conhecido por seu temperamento forte e jeito excêntrico, gravou sua parte com tanto entusiasmo que Gal, ao voltar de uma viagem, decidiu regravar sua parte, mexendo no arranjo e subindo o tom da canção para se adequar melhor à sua voz.


Inconformado, Tim Maia ligou para o presidente da gravadora, Miguel Plopschi, pedindo que retirassem a voz de Gal Costa da música. "Velho, a música tá ótima, mas não dá para tirar a garota?", questionou Tim, com toda a sua ousadia. Plopschi, chocado com o pedido, respondeu: "Você enlouqueceu, Tim? A Gal Costa é uma das maiores vozes do país, e você é o convidado dela!". A anedota ilustra não apenas a autoconfiança, mas também o senso de humor peculiar de Tim Maia.


A história ainda teve um desfecho engraçado: em uma ocasião posterior, Gal Costa não apareceu para a gravação de um especial do Fantástico porque, segundo ela, seu vestido não estava pronto. Mais tarde, quando finalmente remarcaram a gravação, foi Tim Maia quem deu o troco, não aparecendo e dizendo: "Meu vestido não ficou pronto". Essa troca de provocações bem-humoradas entre dois gigantes da música brasileira é um exemplo claro do carisma e da espontaneidade que caracterizavam suas personalidades.


Conclusão: Reflexões de Uma Vida Dedicada à Música


Zé Henrique nos oferece um olhar valioso sobre a vida de um músico nos anos 80, uma época em que a fama não necessariamente se traduzia em riqueza, mas em uma jornada de amor pela arte. Sua gratidão pela carreira construída e pelas histórias vividas, como as divertidas experiências com Tim Maia, são um lembrete de que, no fim das contas, o verdadeiro valor de uma carreira está na paixão e nas conexões humanas que ela proporciona.


Se você se interessou por essas histórias e quer ouvir mais sobre a trajetória de Zé Henrique e suas aventuras no mundo da música, não perca a entrevista completa no podcast MPB Bossa. É uma conversa imperdível para todos os fãs de música brasileira!


Veja o podcast completo aqui:



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