Luísa Sonza se uniu com Quatro Compositores para compor "Chico" para seu Ex-Namorado; Música Quase Não Virou Bossa Nova.
Luísa Sonza está no centro de discussão que divide opiniões se a canção 'Chico', do recém-lançado álbum 'Escândalo íntimo', seria de fato uma bossa nova — Foto: Divulgação / Twitter Luísa Sonza
Luísa Sonza, em uma entrevista transmitida nacionalmente no programa Mais Você com Ana Maria Braga nesta quarta-feira (20), revelou publicamente o término de seu relacionamento de quatro meses com Chico Moedas devido a uma traição por parte do youtuber de 27 anos. No âmbito musical, esse relacionamento resultou em uma composição notável chamada "Chico", uma canção que Luísa coescreveu com quatro talentosos compositores: Bruno Caliman, Carolzinha, Jenni Mosello e Douglas Moda.
A música "Chico", integrante do mais recente álbum de Luísa, intitulado "Escândalo Íntimo", causou alguma controvérsia, pois inicialmente não se enquadrava no estilo bossa nova, gênero que a cantora se aventurou a explorar. A faixa foi concebida rapidamente, sendo gravada em apenas 40 minutos em um estúdio de Los Angeles, para onde Bruno Caliman, renomado autor de vários hits sertanejos, viajou. A música começou com apenas seis acordes, uma diferença considerável em relação aos clássicos da bossa nova, que frequentemente contêm até 30 acordes. Eventualmente, para se adequar ao estilo da bossa nova, a canção incorporou uma harmonia no violão.
Embora tenha sido alvo de críticas por não se alinhar completamente à complexidade tradicional da bossa nova, "Chico" teve uma recepção calorosa dos fãs de Luísa Sonza. De fato, essa música se tornou um marco ao conquistar o topo das paradas musicais, sendo a primeira bossa nova a atingir tal feito em 65 anos, desde o lançamento do clássico "Chega de Saudade". Durante um show ao vivo no The Town, a multidão entoou a canção em coro, com Chico posicionado bem à frente do palco.
As letras de "Chico" também evocavam temas de paixão e, de maneira irônica, abordavam a fidelidade em um grande amor. Luísa entoava: "Diziam pra mim que essa moda passou / Que monogamia é papo de doido / Mas pra mim é uma honra / Ser uma cafona pra esse povo".
Do ponto de vista filosófico, a bossa nova é, antes de tudo, um estado de espírito. Esta afirmação, feita por Ronaldo Bôscoli (1928 – 1994) durante uma entrevista à extinta revista O Cruzeiro em 1959, poderia ter encerrado a recente discussão sobre se "Chico" se enquadra ou não no gênero bossa nova, uma música destacada no novo álbum de Luísa Sonza, "Escândalo Íntimo" (2023).
Estritamente do ponto de vista musical, a bossa nova se refere à inovadora batida de violão desenvolvida por João Gilberto (1931 – 2019) ao longo da década de 1950 e oficialmente introduzida por ele em 1958. No entanto, a bossa nova transcende a mera classificação musical; ela representa um universo sonoro, uma atmosfera de leveza musical que surgiu na cena da música brasileira e atraiu diversos cantores, compositores e músicos, incluindo figuras notáveis como Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), Carlos Lyra, Roberto Menescal e, claro, Ronaldo Bôscoli, que traduziu esse universo em versos coloquiais e desprovidos de dramaticidade. Cada um deles deixou sua marca na bossa nova e expandiu o gênero.
Portanto, a bossa nova também pode ser considerada um estado de espírito, e nesse sentido, a canção "Chico", creditada a Luísa Sonza em parceria com Bruno Caliman, Carolzinha, Douglas Moda e Jeni Mosello, se encaixa nesse espírito da bossa nova.
Até mesmo Caetano Veloso, um ilustre discípulo de João Gilberto que soube incorporar a modernidade da bossa nova em sua música sem ficar limitado a esse universo, entrou na discussão. Por meio das redes sociais, Caetano defendeu Luísa Sonza, argumentando que o violão-base na música está tocando bossa nova, embora a música também se insira na categoria mais ampla de Música Popular Brasileira (MPB), que engloba diversos estilos. Ele ressaltou que a classificação depende mais do artista e do contexto em que o público o percebe. Assim, "Chico" é uma canção com bossa, uma bossa que reflete a geração de Luísa Sonza, mas que ainda faz eco à inovação trazida por João Gilberto em 1958. Essa fusão é natural e representativa da evolução da música brasileira.
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